terça-feira, 16 de agosto de 2011

INSUBMISSÃO


Sou espera!
A figura/homem audaz contradiz a minha condição de esperante.
Espero, espero e, mais um dia, espero!
Não crio ilusão –
não sou dado ao platonismo –
me faço no concreto,
por isso espero.
Insisto na desobediência -
não me corrompo,
não sou o que está vigente,
o que é tendência ou ditado -,
duramente aceito meu lugar de diferente,
de exôtico,
de intenso,
de incompreendido,
de apaixonante apaixonado,
de ser mais do que o outro espera,
então espero.
Na insubmissão construo minhas esperanças,
traço caminhos,
crio asas,
me deito com o conhecimento intuindo acordar com a sabedoria necessaria para saber esperar.
Insubordinado me ergo todas as manhãs -
coloro os dias,
dou sabor a água,
lanço bolhas de sabão no ar,
faço surgir o arco-íris no fim de uma tarde fria -,
e a noite sempre,
r e p e t i d a m e n t e,
encontro sozinho me desfazendo em lágrimas,
pois sei que quando um novo amanhã chegar,
insubordinadamente
irei levantar-me para de novo
esperar,
esperar,
esperar.


à Conceição Evaristo
por escrevivenciar
“Insubmissas Lágrimas de Mulher”.

15 de agosto de 2011-08-16
evandro nunes